Urbana Legio Omnia Vincit



Todos ao menos citaram algo sobre a homenagem à Legião Urbana feito pela MTV. Então eu, como um bom conhecedor (e apreciador, fã) dessa obra abro espaço pra falar também.


Antes de mais nada, a Legião Urbana está totalmente dentro do contexto do Filial Do Mude. Foi a primeira banda que realmente abriu minha consciência para diversos sentimentos, idéias e ideais.






Lembro-me dos vinis, do Globo de Ouro, dos lançamentos dos discos, dos especiais na TV (cada vez mais raros), das notícias, dos singles nas rádios... A Legião Urbana está presente nas minhas lembranças mais remotas, datadas de quando eu tinha 6 anos de idade. A primeira música, o segundo vinil a entrar em casa (o primeiro foi, por um acaso do destino, o "Selvagem?" dos Paralamas), a primeira banda que me cativou de verdade.


Pela Legião conheci amigos, namoradas, pessoas, opiniões... me conheci.


O primeiro amor (Monte Castelo), o primeiro beijo (Por Enquanto), a primeira namorada (Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar), a primeira passeata (Geração Coca-Cola), as épocas duras de prova na escola (Química), a primeira briga (Será), o primeiro fora (Ainda É Cedo), o primeiro porre (Depois do Começo), a primeira grande amizade (Feedback Song for a Dying Friend), o "cair na real" (Os Barcos), a primeira dose de tóxico (A Dança), a primeira geral da polícia (Baader-Meinhof Blues), as brigas em família (Pais e Filhos ~pasmen~), a adolescência incompreendida (Eu Era Um Lobisomen Juvenil), o primeiro trabalho (Fábrica), paixões avassaladoras (Sete Cidades),  as coisas simples da vida (O Mundo Anda Tão Complicado), os primeiros acordes no violão (Que País É Este) a solidão (Maurício), as amizades (Eduardo e Mônica)... e talvez o grande resumo do que penso e sinto (Metal Contra as Nuvens).


Posso confessar que em cada música e letra da Legião Urbana há um pouco de Gleds. Ou que no Gleds há um pouco de todas as letras.


Hoje não ouço como antigamente, mas ouvir é sempre uma alegria nostálgica e sempre cabe algo. Hoje eu cantaria "Eu tenho um jardim e uma canção: vivo feliz" como cantei num post recente, ou também cabe perfeitamente "São as pequenas coisas que valem mais, é tão bom estarmos juntos" e coisas mais leves, sem a depressão típica dos discos pós "V". 
Revivi um pouco do "sentimento legionário" com o livro "Renato Russo - o filho da Revolução" dado de presente por alguém que foi muito importante e sabe da importância deles na minha vida. Voltei a reviver isso assistindo ano passado ao documentário "Rock Brasília" (e que fui obrigado a comprar por ser tão belo).


Assisti ao show com o Wagner Moura, Dado e Bonfá. Não, eu não gostei. Mas olhando pelo lado que foi apenas um fã famoso que estava no palco, achei válido .Reforço: foi válido, mas eu não assistiria ao vivo. Talvez por ter assistido a Legião em 94 no Ginásio do Ibirapuera na turnê do Descobrimento do Brasil, talvez por ser um músico chato que não aceita releituras de seus ídolos mais importantes (e quiçá o mais importante)... não sei dizer.


O que sei e senti foi a energia do público como nunca senti, nem em shows ao vivo, mas só ali em 94... eu não me senti sozinho na caminhada. Nos shows de 94 o Renato disse: "a Legião Urbana são vocês, nós somos apenas um veículo".


E nessas duas noites de shows da MTV, isso realmente ficou intrínseco, marcante, tocante, arrepiante.




Coisas que outras bandas, outros shows, outras batidas e outras pulsações me trouxeram com o tempo como o Ira!, a cultura popular, o Cordel do Fogo Encantado, o Paul McCartney, o Pearl Jam dentre outros.




A banda acabou em 11/10/1996, mas nós, fãs, continuamos. 


Legião Urbana à tudo vence.


Ouça no volume máximo.






Por tudo aquilo que nos tira o ar


E de repente tudo fez-se novo. Abriu-se um novo começo. Permitiu-se um novo caminho. E foram libertados os medos antigos, os engodos, os velhos dogmas presos ao pé da mesa. Desse movimento foi lançada uma batalha onde a vitória sangrou por um novo olhar. E tudo fez-se amargo. E tudo fez-se inocente. Com o medo jogado fora, fez-se crente quem não via mais luz. E da claridade abriu-se uma nova paleta de cores. Fez-se mistura. E dessa fina fossa veio força. Que como doença contagiosa cutucou todos os nossos braços em um breve respiro. E fez-se o sorriso. De brilho nos olhos, de trigo, de abrigo, de mergulho no rio. E fez-se o mar. E de braços abertos e olhos fechados, corremos. Navegamos. Corremos e choramos e voltamos a ser crianças. E fez-se luz. Foi então que só assim, com a fragilidade do “sim”, pudemos voltar a sentir aquele belo medo. Aquele medo que diz pra perna “anda!”. Que não impede de tentar. Como todo amor que a gente sente pelo que nos faz respirar. Mas principalmente, por tudo aquilo que nos tira o ar.




Dos tempos de tristeza, tive o tanto que era bom

Abri o blog e fui ler as postagens desse ano. 


Incrível como tanta coisa MUDOU de lá pra cá. Aquele primeiro post do ano já poderia ser re-escrito mudando os personagens, as sensações, as dedicações, as filosofias. Mas não há de ser: o passado ao passado presente, e hoje É o presente.


(sou menino de São Paulo, lá da Vl. Mariana)


Presente este que me foi dado a ótimas surpresas. A única surpresa que realmente lamento é a perda da minha irmã, mas não compensa lamentar: bora viver.




O que se mantém firme também é o sentimento de ter errado e aprendido, ter sido enganado e ter perdoado. A sensação de que nada realmente foi em vão e que tudo o que vem daqui pra frente é fruto de muitos ups and downs. Hoje posso afirmar que a felicidade está em mim mais do que nunca.






Outra coisa intrigante é como o passado permeia minha vida... meu relacionamento mais recente foi com alguém que conheci há 10 anos... logo depois reencontrei quem me apresentou essa pessoa e, hoje, estou com alguém que acompanhou (relativamente) talvez a melhor fase da minha vida, nos anos 2000, 2001.


O que dizer de tudo isso? Absolutamente nada. O lance é viver.






"Tenho jasmim, tenho hortelã
Tenho um cesto de flores 
Eu tenho um jardim e uma canção: vivo feliz
TENHO AMOR, eu tenho um desejo e um coração
TENHO CORAGEM E SEI QUEM EU SOU
Eu tenho um segredo e uma oração"




A Filial do MUDE começa a mudança. Nove anos depois do Mude.
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