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" As palavras já não cabem mais, tanto dentro de mim como em qualquer lugar.
As pessoas, oa gestos, as árvores, as canções já não são mais as mesmas... tudo ilumina essa verdade que dói.
Dói, mas amo.
Você, menestrel de todas as artes...
Eu, pura dona de mim, ou quase.
Eu, menina, tento com todas as forças manter-me firme ás minhas convicções, virtudes e desejos... mas o desejo por você, dono da noite, é maior que todos meus amores juntos. Todos os que vieram, todos os que estão e todos que virão.
O nosso amor parou aqui, e foi melhor assim... você esperava e eu também que esse fosse seu fim. Parou, mas ressuscita amanhã.
E esse meu amor como o Sol, que nasce todo dia.. o seu, posso comparar com a Lua... cresce, enche, vai esvaziando e esvai-se na escuridão, para voltar de novo.
Eu, menina, prometo não me comprometer com nada, pois minha juventude pede vivências, pede arrogâncias de tantos outros, mas não às que vem de você.
E porque me sinto tão tua? e porque você não se sente meu?
O tempo está passando na janela.. eu estou vendo... e você?
Eu, menina, ouço o Juca dizer que o crime não compensa, que a sua serenata acordou Maria, que o delegado é bamba.. mas ele não passa de um meliante, e porque acreditar em suas juras por Maria?
Eu, menina de 20 minutos, das docas, dos moços... eu, menina de Amsterdã...
Eu, menina, procurando na roda triste alguma atenção, algo que me faça falante como o som do tamborim que vem da televisão.
Eu, menina... inerte.
Eu, menina.. boa de apanhar, boa de cuspir...
Eu, menina, ouço ainda a voz antiga que me embalava:
Dorme minha pequena
Não vale a pena despertar
Eu vou sair
Por aí afora
Atrás da aurora
Mais serena
Acordo e você não está...
Volte logo...
Traga consigo uma lua cheia linda, traga-me uma cesta de rosas, um pé de laranja, uma hortigueira e um pássaro livre....
Você me navegou por mares tão diversos que eu fiquei sem versos.
Queria tanto poder dizer-lhe que sem você passo bem demais... mas a casa é sempre sua, bem assim...
Volte quando quiser.. ao amanhecer, entardecer, anoitecer.. volte!
Volte com suas mulheres, mas volte para mim... volte de madrugada, quando a fábrica começa a buzinar , o trânsito ao reclamar do nosso eterno espreguiçar...
Volte com o que quiser!
Mas te faço um único pedido:
Quando estiver comigo, faça-me a única, como se eu fosse a única.
E ao se despedir de uma de suas mulheres por telefone, não diga "eu te amo"...
Machuca.
Dói.
É injusto. Ao menos para mim.Baseado na obra de Chico Buarque.
1 comentários:
Dizer oque?
Um dia vou ter um homem desses...rss
Que diga ao mundo, como sou, quem sou...
Sempre sonhei (sonho de Menina), que alguém me cantaria assim.... Graças a Deus Chico Buarque nasceu e fez com todas as mulheres fossem um pouco suas...
De Barbara a Geny, de Atenas a Lapa... Da Burguesa a Prostituta...
Todas elas estão inseridas em toda mulher... em mim...
Lele meu querido... vc chegou tão perto do Deus Buarque de Holanda que pode tocá-lo...
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