Não aprendi a me render

O meu maior inimigo se chama Gledson Alves Lima.


Dei entrada no hospital ás 01:40 de quinta com sintomas de anemia profunda.
Anêmico, eu?
Por mais estúpido que pareça, sim.
Apenas me lembro de sentir o soro correndo e eu me perguntando (ainda meio sedado) onde estava o vídeo dos Doces Bárbaros que eu estava assistindo. Segundo meu sobrinho, quando ele foi beber água de madrugada viu eu deitado no chão do quarto onde ficam minhas coisas. Chamou meu irmão na hora.

Exames, perguntas, cheiro de amônia.
Apesar de ficar um bom tempo, o Nipo Brasileiro não tinha os equipamentos necessários para um melhor diagnóstico. Corre pro hospital Voluntários.

Leitos disponíveis, lá fiquei.

Lembro-me bem do rost
o do enfermeiro. Parecia o professor de português da 6ª série, o Arthur.
Tomei os medicamentos, ainda sem saber exatamente o que havia acontecido. Lembro que postei no Facebook "Canto de Oxum", pois seu refrão ecoava nos meus ouvidos sem motivo algum.
E cantei ela por quase todo o tempo que estive lá.

Exames, exames, exames...

"As flores tem cheiro de morte"

Meu corpo doía, acredito que pela queda. Porém, segundo a junta médica, a falta de vitaminas causava a dor corpórea.

Minha mente ainda gira.

Dai vieram as entrevistas. Conversei com clínico geral, com cardiologista, com neurologista e, por fim, com uma psicóloga.

"Depois de todos os exames, acreditamos que você teve um início de depressão. Os exames podem apontar algo em seu sangue ou no cérebro, mas eu acredito que por algum motivo você parou de comer e essa anemia se instaurou em seu corpo" - disse ela.

Acharam pequeno vestígio de álcool no sangue, devido á dose de Jack Daniel´s agora diária.
Descartaram drogas também. Viram que sou um cara limpo.

Depois que a junta médica definiu o tempo de liberação, a psicóloga voltou e, enfim, pudemos conversar.
Contei coisas que nem eu sabia que aconteciam. Falei por alguns minutos, mas foi como se anos que vivi passassem pela minha cabeça. As crises, confusões internas, o "quem é o Gledson" e tudo o que cerca essas coisas do ser humano foram ditas.

Os remédios foram suspensos e depois de quase 30 horas de hospital, voltei para casa.

O corpo ainda está doente, a mente gira.

Porém o mais importante que me foi dito está pulsando aqui dentro, e só eu sei como devo resolver isso.
Ou acho que sei.



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