Dia de poetar (afinal, a vida não é nada mais do que poemas mal absorvidos)

Aos 15 anos perdi minha primeira namorada. A mãe dela teve em mim um pedaço da garota que morreu em um acidente de carro.
Aos 17, me envolvi com drogas pesadas. Meus "amigos" tinham em mim um cara forte, que mesmo após uma overdose teve coragem de encarar o mundo e dizer: fui eu.
Aos 19, a primeira decepção amorosa. Tinham em mim uma espécie de mártir, um jovem que superava a tudo e todos, e por conta desse título, ganhei uma porção de títulos de "melhor amigo".
Aos 21, tive a ciência de ser homem. Acordei e olhei o mundo com outras perspectivas; as pessoas em volta perceberam isso, e se aproximaram cada vez mais.
Aos 23, conheci "Mephistópheles" em uma peça do magistral Antônio Abujamra, com o texto mais magistral ainda de Edson Marques. Decidi ali mesmo: não estou morto e vou mudar! a começar pelas pessoas ao meu redor!
Aos 26, nada de mudança. Eu não poderia ficar sem aquelas pessoas, que me induziam uma força que eu nunca tive.
Aos 30, uma certeza me preenchia: eu estava cada vez mais longe de mudar.

Hoje em dia, mesmo buscando a mudança em uma série de fatores, entendo que só o idiotas não entendem que a vida é sua, e você estraga ela como quiser.
Citando Goethe, com adaptação livre de Antônio Abujamra na peça "Mephistópheles": "De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem? De que adianta pagar as contas no fim do mês, religiosamente: as contas de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU? Vocês todos são Faustos, e Faustos são aqueles que vendem a alma ao diabo"


Por mais que você negue, sua alma já está sendo leiloada, mesmo alienada.
Como fugir a isso, você me perguntaria. Eu não tenho a resposta, creio que ninguém pode dar a resposta a você, a mim, a mais ninguém.
A resposta está dentro de você. Eu não sei das tuas angústias, muito menos de tuas mágoas. Você não faz a mínima idéia do que se passa nessa cabeça ao acender um cigarro após o almoço. Nós não saberemos nunca a dor, o pesar, o orgasmo, a inquietude, a satisfação, as alegrias e tristezas do outro.
Seja responsável por você mesmo. Não impute ás pessoas a sua felicidade, a sua liberdade, a sua responsabilidade.
Tu és responsável por aquilo que cativas, mas principalmente pela sua liberdade e a de mais ninguém.

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