A arte de Defenestrar

Sempre achei cativante quem se interessa por esta tão incompreendida arte.
E neste final de semana, eu a cumpri com certo êxito.

Noite de sexta, Jack Daniels e rock´n roll... ótimo cenário para uma bela defenestração.
Sábado. Após um bom batuque, showfilme e samba-rock melhor ainda. Defenestração á vista.

Defenestrei aquilo que me acompanha há alguns meses. E não foi fácil.

Ele insistia em me acompanhar, por todos os cantos, por todos os lados e por todas as horas. Aonde eu vou ele está lá: pulsando, sorrindo, chorando... me enchendo o saco.

Sexta-feira conversamos por muito tempo e disse a ele: "amigo, VAZA!"
E dai deu-se a defenestração.

No sábado foi algo mais sutil, pois a defenestração da sexta ainda fazia efeito. Tambor aqui, batuque ali, André Abujamra fazendo um show especialíssimo no Sesc Pompéia e, quando parecia que minha defenestração ia por água abaixo, um convite:

"Bora pro samba-rock?"

Não pensei 1/2 vez e fui (já que meu expediente hoje começou só as 13).

Ótima banda, ótimas pessoas, ótimo lugar. Como eu havia me esquecido que aquilo me fazia tão bem? Vou lá mais vezes, pode ter certeza.

Sambasonics na pista, até comecei a aprender a dançar samba-rock (!), mas devo isso á cerveja e ás pessoas que estavam tão ligadas em defenestrar como eu.
Ah... a arte.

Ainda tive que chamá-lo na "xinxa" e defenestrá-lo novamente. Não tão dífícil como sexta, porém ainda complexo como sempre.

A noite correu muito bem, obrigado. Por vezes ele aparecia pra me encher o saco, me lembrar de coisas que nunca serão esquecidas... as canções principalmente me remetiam a muitas coisas ótimas, como esta abaixo:

"Se segura malandro
Pois malandro que é malandro não se estoura
Se segura malandro
Pois malandro que é malandro não se devora
Se segura malandro, pois um dia há de chegar a sua hora...
Vai cantar, vai brincar sem fantasia
Vai chorar de amor e de alegria
Pois ela vai voltar prá alegrar seu coração
Pois ela vai voltar pra dar vida nova no seu barracão
"


Cerveja na mão, defenestração novamente.

Noite que virou dia. Comprar pão de manhã indo pra casa ("nas manhãs de domingo parece que todos se esquecem da segunda-feira"), chegar e nem tomar banho, capotar na cama, acordar atrasado, jogar água no corpo e vir pro trabalho.


Sei dizer que a defenestração foi algo muito interessante neste final de semana.

Mas sempre temos um porém...

Ao sair da balada ainda extasiado por tudo aquilo, ele estava lá no portão, me esperando.
Sentamos na calçada e conversamos muito. No final lhe pedi desculpas por tanto defenestrá-lo, por tanto querer que ele me deixasse. Ele entendeu que após 10 anos seria complicado lidar com tudo aquilo, como se fosse a primeira vez. Tomamos um vinho, fumamos um velho e bom Lucky Strike, sorrimos, nos abraçamos e voltamos felizes, contentes e esperançosos.
Na real não quero que ele vá embora. Só pedi um tempo pra abstrair os pensamentos, os sentimentos, as sensações. Preciso de tempo, preciso de calma. Minhas neuras são minhas e ninguém precisa se preocupar por isso, muito menos se achar culpado ou inocente.

Amor, valeu pro me compreender. Se preciso irei lhe defenestrar outras vezes, porém me espere sempre, pois você me faz maior, me faz mais feliz, me faz mais vivo. Vou te dar só a parte boa do que é curtir você 10 anos depois.

1 comentários:

Ana ou Letícia disse...

Esse cara é malandro!

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